sábado, 29 de abril de 2017

Resenha: Os 13 porquês - Jay Asher

Título Original: Thirteen Reasons Why
Autor: Jay Asher
Editora: Ática
Páginas: 255
Gênero: Drama
País: EUA
Onde Comprar:AmazonLivraria Cultura


Em Os 13 porquês, observamos a história de Hannah Baker, a partir dos olhos de Clay Jensen. Isso acontece porque Clay, um adolescente comum, recebe em sua casa 7 fitas cassete, ao ouvi-las, Clay descobre que estas foram enviadas por Hannah Baker, uma garota da sua escola que cometeu suicídio alguns dias antes. Hannah grava nestas fitas as 13 razões para ter cometido suicídio e fitas são endereçadas para cada desses 13 porquês, que deverão ouvir todas e passá-las ao próximo porquê.

"Ninguém sabe ao certo o impacto que tem na vida dos outros. Muitas vezes não tem noção".

Clay era apaixonado por Hanna e ao receber as fitas e perceber que era um dos porquês, ele se vê alucinado para descobrir o que poderia ter feito que contribui para a decisão de Hanna.
Ao ouvir cada fita, enquanto caminha pela cidade, seguindo alguns pontos marcados num mapa por Hannah, Clay descobre mais dela do que imaginava ser possível, além de descobrir que Hannah era bem mais complicada do que ele achava e que seus colegas de escola escondem muitos segredos por trás das aparências.

Mas todo mundo virou as costas. Ninguém perguntou se havia algum problema comigo". 

O livro segue dessa forma, com o Clay ouvindo essas fitas e entendendo o que levou Hannah ao fundo do poço. Jay Asher conta essa história de um jeito tão fluido e viciante que ao acabar cada fita, nós precisamos virar a página e descobrir a próxima, assim como Clay. A narrativa dupla entre o Clay no presente, ouvindo as fitas e a Hannah no passado, as gravando, torna tudo mais interessante. A história de Hannah Baker nos traz diversos questionamentos. Tudo que fazemos é relevante, mesmo as menores coisas podem afetar uma pessoa de modo tão cruel que pode levá-la a destruição e muitas vezes não pensamos nisso.

SÉRIE DO NETFLIX (pode conter spoilers)
Recentemente, a plataforma streaming Netflix, lançou uma série baseada no livro de Jay Asher, a série conta exatamente o que aconteceu no livro, com o acréscimo de alguns fatos que fazem a história de Asher ter mais sentido. Na série podemos observar cada personagem citado na fita, sua história e suas motivações para cometer cada ato que levou Hannah ao suicídio.
A série aborda alguns questionamentos que vão além do livro. Por que Hannah foi tão passiva quanto aos acontecimentos de sua vida? Hannah se envolveu com cada garoto que conheceu tentando encontrar algo de bom em cada um deles e cada garoto a traiu de formas e em graus diferentes, traiu a sua confiança, minando a crença de Hannah nos homens. Assim como nas amizades, Hannah se viu sendo abandonada por cada amigo que fizera e a cada traição, a cada abandono, sua razão para acreditar nas pessoas foi tirada dela. Cada pequena coisa, cada momento de ínfima felicidade, é importante em nossas vidas. Muitas vezes não damos importância a pequenas coisas que acontecem em nossas vidas, pequenos momentos que nos trazem algo de bom. Mas são esses pequenos momentos que quando tirados de nós, fazem um estrago tão grande quanto o de uma experiência negativa, nos agarramos a essas pequenas coisas para nos manter sãos. Na fita de Zach por exemplo, ele rouba os bilhetes que Hannah recebe no saco de elogios (atividade promovida por uma professora) ato que a faz sentir-se sozinha, ou mesmo Jéssica Davis, que a encontrava todos os dias num Café da cidade para conversar e desabafar e depois, por conta de um boato, deixou de encontrá-la. Essas pequenas coisas, que tornavam os dias de Hannah mais fáceis, foram tirados dela. Por que Hannah não pediu ajuda? Em diversos momentos, Hannah dá pequenos indícios de que algo não vai bem em sua vida, mas ninguém deu importância, nem mesmo quando ela realmente pediu ajuda direta, o conselheiro se mostra completamente despreparado para ajudá-la, questiona Hannah como agressora e não como vítima e não oferece qualquer apoio emocional.
Cada personagem secundário da série nos traz temas a serem abordados, temas difíceis que geralmente não são discutidos. Bullying, homossexualidade, estupro, abuso psicológico, relações entre pais e filhos. Cada cena é tão provida de realidade que nos dá a sensação de tapa na cara, de choque, tudo aquilo realmente acontece de maneira tão cruel? Podemos ser tão cruéis sem perceber? E a tão discutida cena do suicídio de Hannah, tão forte e comovente, esfrega na nossa cara o quanto dói,a forma explicita que é mostrada, nos leva a ver que não é bonito, não é romântico, não é o caminho a ser escolhido. A mensagem gritante de todo o livro e da série é, cuidado com cada ação, você pode estar afetando alguém e nem ter noção disso e para aqueles que se veem sozinhos, você não está sozinho, você pode procurar ajuda, ao longo da história percebemos que o Clay poderia em vários momentos ter sido um ponto de apoio para Hannah, mas ela estava tão destruída que não conseguiu confiar. Faça alguém sorrir, repense seus atos, respeite o que magoa cada pessoa e principalmente, procure ajuda, nunca estamos completamente sozinhos no mundo!


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