domingo, 25 de setembro de 2016

MAIS UM SOBRE VOCÊ

É estranho não é? Seus olhos fecham enquanto você ri das coisas idiotas que eu digo, você quase parece asiático e eu gosto, acho engraçado. Você me irrita a cada frase arrogante, você me irrita a ponto de querer gritar, mas eu gosto. Eu gosto de como você fica horas ao meu lado sem dizer uma palavra e esperando que eu diga todas, mesmo sabendo que não vou dizer.


Você consegue tirar meu ponto de equilíbrio e eu odeio, odeio tanto que chego a gostar. Eu adoro o modo como você me surpreende como sabe ler minhas mentiras e verdades. Você parece ter um livro de instruções de como me manusear. Eu adoro a ruga que se forma entre as suas sobrancelhas quando você está preocupado com o meu modo descuidado de ver a vida. E adoro o silêncio que você faz quando está transtornado, mas odeio quando joga tudo pelos ares numa crise de raiva. Eu amo a sua risada estranha e extravagante, é tão ridícula que me faz rir mesmo que a conversa não esteja engraçada. 

Eu odeio o modo que você toca o meu ombro, empurrando, sempre quando quer dar ênfase a alguma frase, eu odeio mesmo. Eu adoro quando você diz que meus olhos brilham e quando você faz as minhas bochechas corarem com suas conversas bobas. Odeio quando você esquece onde estão as suas meias, e grita a plenos pulmões que tudo se perde ao seu redor. E sabe o que mais? Eu amo cada pedacinho imperfeito seu, mesmo tendo tentado diversas vezes não amar, derrotada estou e estranhamente, te amo.

sábado, 24 de setembro de 2016

UM RELATO SOBRE ELA


São 4h10, a madrugada escura e fria anuncia que todos estão dormindo, sonhando coisas aleatórias e talvez sem sentido. Eu não. Meu despertador toca às 4h10. As 4h30 eu deixo a água quente escorrer pelo meu corpo, numa tentativa completamente sem fundamento de despertar meu corpo. Meu corpo, porque a mente está a mil por hora mesmo em sonho. Eu sonho com o que deveria estar fazendo acordada. Por que foi que eu dormi mesmo? Ontem eu cheguei meia noite e meia, meu irmão estava dormindo. Aliás qual é mesmo o som do riso do meu irmão? Acho que não lembro.


E ai, eu a sinto. Vem como um soco, bem no centro do estômago, meu coração parece sair pela boca tamanho o aperto que sinto no perto. Eu antecipo, prevejo que não entregarei aquele trabalho de conclusão da faculdade semana que vem, prevejo que meu aluno vai derrubar tinta na roupa e que meu inglês vai sair em francês na frente do meu chefe. Prevejo que ao pegar o metro, ele vai parar embaixo do túnel e me deixar lá, no escuro. Talvez apareça um palhaço ou dois, pra me lembrar da minha ridícula clownrofobia e para terminar talvez eu estivesse com dois palhaços num avião sem paredes olhando pra baixo, sim também tenho aerofobia. Nada sai como o esperado, os planos escorrem entre meus dedos. Meu chão se esvai. Tudo isso as 4h10 da manhã.

Às 5h o trem passa, as almas vazias se sentam sem observar as pessoas ao redor, e ela vem novamente, um filme sobre tudo que não entreguei, sobre prazos, sobre acontecimentos que foram inesperados passam pela minha mente. Ela vem e eu só posso respirar fundo e ignorá-la, ela está ali ao meu lado todos os dias, espreitando, observando meus passos e esperando o momento crucial do ataque, eu a ignoro, talvez se a ignorar todos os dias, em todos os momentos, ela suma.

Às 7h eu chego, me perguntam se eu estou bem e ela está ali me cutucando, então desabo, as lágrimas vem sem serem convidadas e escorrem pelos meus olhos por alguns segundos. Eu as enxugo. Ela está ali, ao meu lado, rindo da estupidez da situação, rindo porque eu mesma estou me preenchendo disso, de esperar demais e me sufocar com as minhas própria expectativas. Ela ri. Eu me recomponho rapidamente, me viro e sorrio: Está tudo bem. E respiro fundo. Está tudo bem, fecho os olhos e continuo o dia. Está tudo bem.

domingo, 18 de setembro de 2016

ACHO QUE TAMBÉM PRECISO FALAR DO AUGUSTO


Conheci ele num bar, ele estava ali sentado, me esperando, depois que lhe dei inúmeras e estupidas desculpas para não encontrá-lo, pensando em todas as ondas de passado possíveis, pensando em como tudo já tinha dado errado. Ele ignorou todas as desculpas e me esperou. Ele estava ali, sentado com o seu copo meio cheio, sua camiseta laranja e sua bermuda jeans. Ele me olhou, assim que cheguei, como se tivesse percebido minha presença.Chovia naquele verão de 19 de dezembro, chovia e eu estava com um guarda- chuvas quebrado, ele o segurou pra mim e segurou a minha bolsa, eu sorri, não estava acostumada a gentilezas.  Ele tentava puxar assunto, eu tentava me enfiar num buraco na calçada e nunca mais sair. Não podia me apaixonar por aquele cara, não podia, não podia.

Conversamos, parecia que já o conhecia há anos. Já conhecia, daqueles anos esquecidos na escola, anos em que nos ignorávamos. Mas por que mesmo você me procurou? Essa pergunta martelou em minha mente aquela noite toda, até que ele perguntou o que eu queria beber e inesperadamente me roubou um beijo. Acho que não consegui esconder a minha surpresa .

Nos falamos, por dias, mensagens foram trocadas, poemas foram enviados. E sumiço, eu não entendi porque ele fez aquilo, mas ele sumiu e numa noite de quinta-feira enquanto eu discutia sobre romantismo no intervalo da faculdade, recebo uma mensagem dele: oi, sinto sua falta. É, eu não podia me apaixonar por aquele cara, não podia.

Nós namoramos, demoraram oito meses e ele fezmeu olho brilhar com aquele pedido surpresa, nós namoramos, nós nos conhecemos, fomos ao cinema mais de cem vezes, cozinhamos, eu atrapalhada, ele conhecedor.  Nós terminamos. Sim, um dia eu liguei pra ele, desesperada pra conseguir resolver os nossos erros e não consegui. Terminamos.

Chorei, chorei mais do que qualquer dia da minha vida, as palavras ficaram sufocadas no meu peito, eu chorei e tive raiva, eu chorei e tive medo. Todas as músicas me lembravam ele, todos os filmes de amor, todos os meus textos. Eu ia num restaurante japonês e me perguntava onde estava ele, que não ali do meu lado.

Nós voltamos, após cinco longos meses de aprendizagem, de alto conhecimento, de amadurecimento, não foi fácil voltar, não foi como nos filmes de comédia romântica, o casal correndo na praia sob a luz do por do sol pra s encontrar e viver feliz pra sempre, não. Doeu, tiramos os espinhos e as limitações.

E todas as estradas que temos que seguir são sinuosas, e todas as luzes que nos levam até lá nos cegam, é, tem tantas coisas que eu quero dizer pra você e não sei como. Nossa música, Wonderwall do Oasis, aquela que ouvimos enquanto ele me levava pra casa no primeiro encontro, acho que realmente nos descreve. Agora quando eu olho pra ele, eu vejo tudo que somos, somos amor, somos força, somos cumplicidade e paixão. Somos tudo que deveriamos ser e tudo que preciso que a gente seja.