sábado, 9 de agosto de 2014

TORPOR

Fotografia: Dialog, Rudolf Bonvie 1973.

O som da sua voz lentamente tira o meu corpo do torpor. Aquela sensação horrível de não sentir e sentir ao mesmo tempo. É como se o mundo parasse, como se só houvesse aquela linha tênue entre a minha voz tremula e a sua rouca. E eu sinto falta, como eu, sinto falta do seus risos espontâneos e das suas manias ridículas.

Percebi hoje que pode ser aquele sentimento de que tanto sinto medo. Pode ser porque peguei-me involuntariamente adorando seus defeitos, sentindo seu perfume no meu casaco, aquele que eu usei naquele último encontro e que obviamente já lavei. O seu cheiro não devia ter saído? Flagrei-me desejando respirar novamente a fumaça irritante do seu cigarro misturada ao cheiro do seu perfume, sorrindo ao lembrar das coisas idiotas que você me disse ontem, antes da nossa briga silenciosa.

Sim, eu acho que posso estar te amando, incondicionalmente e isso dói. Dói como nunca doeu, pensar em nunca mais olhar nos seus olhos e ver aquele seu sorriso se formar lentamente nos seus lábios. Aquele sorriso fácil que só você sabe sorrir. Acho que te amar deixou de ser uma dúvida a partir do momento que eu me permiti sentir, eu te amo e como dói admitir, porque não estou admitindo para você.

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