22h. Amanhã
trabalho às 8h, saio de casa as 5h. E às 22h sua mão está na minha, seus olhos
nos meus, seu rosto aproxima-se minimamente, eu respiro, você respira, eu
acordo. Levanto da cama, caminho sorrateiramente pelo piso gelado, nas pontas
dos pés. Bebo água, deito.
23h30. Eu te
ligo, seus olhos ficam cautelosos, posso vê-los claramente no escuro do meu
quarto, você ri, eu grito, você ri, eu grito, você ri. É mentira, descarada,
suja, mentira.
23h32 meus
olhos se abrem, gotas frias estão sob meus olhos, na testa, nas mãos. Eu
respiro, viro para o lado esquerdo, fecho os olhos.
00h. O ar
foge de forma desesperadora dos meus pulmões, minhas mãos tremem, grunhidos
tomam conta do ambiente quieto e escuro. Grunhidos, silêncio, soluços, socos.
Raiva, tudo fica vermelho. Nojo, asco. Levanto, meus pés já sabem o caminho,
seguro o cabelo, saem palavras, saem dores, saem mágoas.
01h30. Em 3h
e meia, preciso levantar, minha mente tenta encaixar as peças, me forço, mas
nada faz sentido.
02h Silêncio.
03h30
Finalmente minha mente grita, implora, desespera-se. Eu engulo a seco, minhas
mãos entorpecem aos poucos, minha consciência se vai.
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